A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) reforçou em suas plataformas oficiais o alerta sobre a urgência de as autoridades combaterem a falsificação de bebidas no Brasil.
O consumo de produtos adulterados, como mostrou a reportagem do Fantástico, da TV Globo, no último domingo (28) levou 9 pessoas a serem internadas por intoxicação por metanol no Estado de São Paulo das quais, três pessoas foram a óbito, sendo a última morte confirmada nesta segunda-feira (29) de um advogado de 54 anos em São Bernardo do Campo, região da Grande São Paulo.
Casos como esse de consumo de bebidas alcoólicas “batizadas”, infelizmente não são novidades no país. Em abril deste ano, a entidade já havia chamado a atenção para o problema. Em uma pesquisa da Federação apontava, na época, que, 36% de bebidas comercializadas no Brasil eram forjadas, adulteradas ou contrabandeadas. A prática criminosa, que antes deixava somente rastro de sonegação fiscal, agora atenta contra a saúde da população.
Para a Fhoresp, que representa legitimamente 500 mil empresas paulistas, entre hotéis, bares, restaurantes, lanchonetes e padarias, e mais de 20 sindicatos patronais, é preciso que as autoridades coloquem em prática ação articulada que desmantele o esquema (lucrativo) das falsificações.
“A Federação está acompanhando com muita atenção os casos de intoxicação, possivelmente por metanol, divulgados pela mídia nos últimos dias. Importante salientar, entretanto, que, a grande maioria dos negócios do ramo de bares e de restaurantes age de forma correta e também se torna vítima ao receber produtos adulterados de fornecedores. Por outro lado, há quem compactue com ilegalidades. Há seis meses, já havíamos alertado o mercado sobre a prática, por meio de um levantamento que nos apresentou porcentagens assustadoras de fraude. Se as autoridades não agirem firmemente, este esquema, que agora está colocando também vidas em risco, não chega ao fim nunca”, Afirma Edson Pinto, diretor-executivo da entidade.

Morte e cegueira
Nas últimas horas, o estado de São Paulo registrou três mortes por intoxicação por metanol, após a ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas, uma na capital paulista e duas em São Bernardo do Campo. Atualmente, dez casos estão sob investigação com suspeita de intoxicação por bebida “batizada” Entre as ocorrências, há o registro de cegueira e até coma.
O Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) de Campinas-SP confirmou a presença de metanol em amostras de bebidas analisadas. O componente é um tipo de álcool altamente tóxico. Uma única dose pode resultar em visão turva, dor abdominal, tontura, náusea e convulsão.
Segundo especialistas, o metanol pode, ainda, provocar danos irreversíveis ao cérebro, ao fígado e ao nervo óptico e, em casos graves, levar à morte.
“Pessoas estão sofrendo com sequelas gravíssimas. É preciso que o Estado e demais órgãos de fiscalização tenham um controle maior sobre a distribuição das bebidas, a fim de assegurar aos consumidores e aos estabelecimentos a procedência dos produtos”, cobra Edson Pinto.