IA no turismo: como a nova fronteira tecnológica está redefinindo o papel das agências de viagens

Sabina Deweik apresenta painel sobre IA no turismo - Crédito Dalton Assis - AC News

SÃO PAULO (SP) – A futurista e pesquisadora de tendências Sabina Deweik apresentou, durante o 4º Abav Meeting SP a  palestra “IA no turismo: a nova fronteira para agências de viagens”, e do qual fez um panorama abrangente sobre a transformação acelerada que a inteligência artificial vem provocando no setor. Segundo ela, o momento atual marca o início de um superciclo tecnológico comparável ao surgimento da internet, mas com impactos mais velozes, amplos e profundos.

Sabina destacou que a IA deixou de ser uma ferramenta acessória para se tornar a base da disrupção em todos os mercados, incluindo o turismo. Embora as tecnologias de inteligência artificial existam desde os anos 1950, a democratização ocorreu apenas em 2023, com o avanço das IAs generativas. O resultado foi um salto de adoção sem precedentes: plataformas como o ChatGPT atingiram 100 milhões de usuários em apenas dois meses.

Segundo a futurista, vivemos um período de mudanças exponenciais em que diferentes tecnologias convergem IA, computação quântica, sensores avançados, realidade imersiva, robótica. Essa combinação cria novos hábitos e pressiona profissionais e empresas a se adaptarem rapidamente. 

No turismo, o impacto já é visível: 40% dos viajantes utilizam IA para planejar viagens, e dois em cada três brasileiros pretendem usar esses sistemas para organizar suas próximas experiências.

Para Sabina, a principal virada está no surgimento dos chamados “agentes de inteligência artificial”, sistemas capazes de agir autonomamente, colaborar entre si e executar tarefas completas da recomendação ao pagamento. Assim, reservas de voos, hotéis, transporte, passeios e restaurantes poderão ser realizadas por agentes digitais capazes de operar 24 horas, com alto nível de personalização e velocidade.

Essa automação, porém, não elimina o papel das agências de viagens. Pelo contrário, exige a evolução do agente humano. Tarefas técnicas e repetitivas serão cada vez mais automatizadas, mas habilidades intrinsecamente humanas como empatia, criatividade, intuição e a capacidade de criar sentido tornam-se ainda mais valiosas. 

Para o mercado do turismo, isso se traduz em propostas mais profundas, como o conceito de “whycation”, em que o cliente não busca apenas um destino, mas um propósito que conecte valores, memórias e identidade.

O Futuro do mercado de trabalho na era da IA

A requalificação profissional será uma exigência central. Até 2030, 75% das habilidades demandadas no Brasil serão diferentes das atuais, e seis em cada dez profissionais precisarão ser retreinados. Para Sabina, o profissional do futuro não será mais definido pelo cargo que ocupa, mas pelos problemas que consegue resolver. E aqueles que dominarem o uso crítico e estratégico da IA terão vantagem competitiva expressiva.

Ela reforçou ainda que o uso indiscriminado da tecnologia pode gerar “dívida cognitiva”: quando o profissional deixa que a IA faça todo o trabalho, perde raciocínio crítico e capacidade de criação. O caminho ideal é combinar o pensamento humano com o potencial expansivo das ferramentas digitais.

A mensagem final da futurista foi direta: a IA não substitui o agente de viagens. O que desaparece é apenas a tarefa automatizável. O profissional que souber integrar tecnologia, repertório humano e criatividade não só continuará relevante, como ampliará sua atuação. 

“Quem usa IA sem pensamento crítico, atrofia. Quem usa IA como parceira, expande os seus negócios”, concluiu Sabina.

Deixe um comentário

Leia também: