O segundo dia do Meeting Festuris, em Gramado, foi marcado por uma série de reflexões sobre o presente e o futuro do turismo, com foco em sustentabilidade, inovação e novos comportamentos. Palestras e painéis inspiraram o público a pensar além das fronteiras tradicionais do setor, mostrando que o turismo do amanhã começa nas atitudes de hoje.
A empresária Priscila Bentes, criadora do SeloXIS, abriu o dia destacando a importância da responsabilidade socioambiental na indústria do turismo. O selo, criado em 2018, avalia mais de 100 indicadores ESG (ambiental, social e governança) e reconhece empreendimentos e eventos comprometidos com práticas sustentáveis.
“Temos uma metodologia própria baseada nos principais frameworks do mercado. Hoje, já são mais de 20 empreendimentos certificados e o Festuris é o primeiro evento a receber o selo”, anunciou Priscila, ao entregar a certificação aos CEOs do festival, Marta Rossi e Eduardo Zorzanello.
Outro destaque veio do Chile, país que tem se tornado referência em astroturismo. O assessor da Subsecretaria de Turismo chilena, Diego José Baeza Martignago, apresentou os roteiros de observação de estrelas disponíveis no “céu mais limpo do mundo”.
“Nosso céu é infinito, nossa viagem é infinita. O Chile possui 40 observatórios astronômicos, sendo 27 dedicados ao turismo”, explicou. Graças às condições geográficas únicas com a Cordilheira dos Andes de um lado e o Oceano Pacífico do outro país oferece mais de 300 dias de céu limpo por ano, consolidando-se como destino dos sonhos para viajantes apaixonados pelo cosmos.
No painel seguinte, Gabriela Figueiredo, diretora de Turismo de Luxo da Matueté, abordou a evolução do papel do agente de viagens, que agora assume o posto de travel designer.
“O travel designer é como um arquiteto do tempo: planeja o melhor uso de um bem hoje extremamente valioso, o tempo livre”, afirmou.
A discussão sobre futuro e tecnologia ficou a cargo do especialista em inovação Luiz Candreva, que provocou o público com uma visão realista sobre o impacto da inteligência artificial no turismo e em outras áreas. “A era do monopólio humano sobre o futuro acabou. A IA é hoje um copiloto da humanidade e logo poderá assumir o volante”, disse. Candreva também apresentou as sete lições para o futuro, destacando que as profissões mais valorizadas serão aquelas capazes de resolver problemas complexos em tempo real.
Encerrando o dia, o filósofo Luiz Felipe Pondé trouxe uma análise provocadora sobre as tendências que moldarão o comportamento humano e o turismo nas próximas décadas. Longe de previsões idealizadas, Pondé destacou que o futuro é reflexo do que já está em curso:
“As transformações vêm de fatores concretos, como a queda global da natalidade e o avanço do papel social das mulheres. O futuro não surge do nada, ele é o desdobramento do presente”, afirmou.
Pondé também lembrou que cada revolução na comunicação da prensa de Gutenberg às redes sociais redesenha o mundo político e cultural. “É observando o comportamento real do agora que se prevê o amanhã”, concluiu.
Com debates que uniram consciência ambiental, tecnologia e comportamento, o Meeting Festuris reforçou uma mensagem poderosa: o futuro do turismo depende das escolhas que fazemos hoje.






